sexta-feira, 6 de novembro de 2009

TEMPO

As falenas e coccinelas batem em tua janela
Insistem... Insistem!
Imploram por teu olhar azul
Noctambulo, você nem se move
Percorro, como louca teu estúdio empoeirado:
vasculho quadros, tintas, tudo!
Procuro qualquer coisa que o tire da catatonia
Quando foi que roubaram tuas cores?
Quando, que não percebi?
As primaveras foram se sucedendo,
e não percebi, que apenas tua alma é pueril
Eu olhava em tua face avermelhada e
teus ares soltavam lufadas de Sol em meu rosto, em minha vida
Você me recebia com teus braços longos, abertos, tão abertos.
Cheirando a tinta, terra e flores.
Dançávamos, com Estela na varanda
E riamos, como riamos
Dos outros, de teus sapatos, de nós mesmos
E você fazia tantas coisas ao mesmo tempo!
Com tamanha fé e energia!
Como eu poderia imaginar?
Como saber que você envelheceria um dia?
Que poderia padecer como um qualquer?
Por que fingiu ser indestrutível?
Por que rodopiou comigo no jardim até um dia destes?
Agora, nem se move...
Teu corpo sobre a cama, é vazio
Os coiotes levaram para longe teu espírito...
tuas cores estapafúrdias
As falenas dançam para ti, agora em réquiem
E Vincenzo, você nem vê...


Nenhum comentário:

Postar um comentário