sexta-feira, 30 de abril de 2010







Me diga, estou inquieta:
Perdeu-se na masmorra?

Muda, nao sei te buscar

Tudo porque desisti

Ao longo dos anos, de esperar

estou presa a masmorra

Você vira?





. . . . Orvalho?




Sabe o que é orvalho?
Uma frutinha amarela e pequena e doce, muito doce
não sei se tem este nome por aí, nas suas bandas
deve se chamar arapuaçu, gravabató, ou coisa que o valha
que vcs do interior poem nomes melodiosos em todas as coisas


Minha vizinha, a velha bruxa Ermelinda
tinha um pé dessas frutas em seu quintal, entre tantas outras
seu quintal era fértil em sentido inversamente proporcional a seu útero,
que jamais dera fruto
Quando pequena, de meu casebre
olhava o quintal de caquinhos vermelhos da vizinha
com suas muretinhas emoldurando as árvores e folhas
e a achava profundamente rica
e tinha inveja de suas uvas caindo pesadamente
e suas bananas amarelas e unidas
das peras verdes, que eu amava, e ela deixava apodrecer no pé
isso principalmente, nos dias de sábado quando havia "colheita" de orvalho!
era praticamente a única fruta que nos permitia comer
e seu cheiro doce invadia minhas narinas e ...
me dava as sensações mais maravilhosas e enebriantes
que jamais nenhum ópio pode dar.
Toda a minha infância ficou empreguinada deste cheiro, e de uns outros

POis bem, esta manhã, quase duas décadas depois de ter a vizinha velha bruxa Ermelinda
Podado de forma mortal o pé de orvalho tão querido, de frutas aveludadas e dulcissimas.
Senti no trabalho um cheiro, quase de abacaxis, mas que não pude identificar,
E que ficou pairando em minha cabeça por muito tempo
Depois de algumas horas, um de meus colegas de trabalho entrou na sala e perguntou a um outro:
 -Você sabe o que é orvalho?
Antes que ele respondesse eu disse:
- É uma frutinha linda, amarela, aveludada, e doce, que não existe mais!
-Há um pé delas carregadinha, do outro lado do telhado...
Resondeu ele com olhos cumplices e brilhantes

Pois bem , para terminar a história, estou até agora arquitetando,
como passarei pelos dois asilos que cercam a área onde trabalho
e me apoderarei das frutas...
Porque se for pedi-las e as velhinhas não forem bruxas,
talvez elas não vejam maceradas dos gostos todos,
do que foi de bom, e do que foi de ruim, em minha vida de menina.





sábado, 24 de abril de 2010

Ele diria....




Os meus passos não têm estrada
Meus apelos são escaladas
E por mais que o grito tépido da noite escura
Tinja meu rosto com a rubra cor de céu sereno
Meus passos não encontram, nunca
Os caminhos que procuro, tanto
O meu beijo não tem sabores
Nem meus olhos brilho eterno
Já não tenho humores dantescos
Nem vontades loucas de ser teu eternamente
Eu me converto no que não sou
E me preocupo em não tê-la por perto
Para não correr o risco de sentir a dor
Que sei, e tu sabes, é o que a espera
Meus passos não têm destino
Meus apelos não têm olvidos
Minhas preces da noite, sei que perdi
Hoje na cidade, depois de tê-la!